“Assim fala o Senhor: “Ai de ti, rebelde e desonrada, cidade desumana. Ela não prestou ouvidos ao apelo, não aceitou a correção; não teve confiança no Senhor, nem se aproximou de seu Deus. Darei aos povos, nesse tempo, lábios purificados, para que todos invoquem o nome do Senhor e lhe prestem culto em união de esforços. Desde além-rios da Etiópia, os que me adoram, os dispersos do meu povo, me trarão suas oferendas. Naquele dia, não terás de envergonhar-te por causa de todas as tuas obras com que prevaricaste contra mim; pois eu afastarei do teu meio teus fanfarrões arrogantes, e não continuarás a fazer de meu santo monte motivo de tuas vanglórias. E deixarei entre vós um punhado de homens humildes e pobres”. E no nome do Senhor porá sua esperança o resto de Israel. Eles não cometerão iniquidades nem falarão mentiras; não se encontrará em sua boca uma língua enganadora; serão apascentados e repousarão, e ninguém os molestará.”
Sf 3, 1-2.9-13
Queridos irmãos, esta leitura tem como tema a «conversão». O profeta Sofonias apresenta uma queixa dolorosa de Javé ao verificar que Jerusalém, em vez de ouvir a voz profética, de procurar a Deus e de se arrepender com uma conversão sincera, se tornou uma cidade «rebelde, manchada e opressora», uma cidade materialista, na qual a visão religiosa da vida foi afogada pela tirania das injustiças sociais. Nem ouvem o apelo, nem aceitam o aviso, nem confiam no Senhor, nem se aproximam do seu Deus.
É a ausência de Deus, do divino, numa cidade. É o ateísmo prático, que inclui tanto o materialismo como o capitalismo. É a asfixia dos valores humanos convertidos em mercadoria de consumo.
Por isso, na última parte da leitura, Deus desdobra-se em promessas de restauração messiânica. E não só para Jerusalém, mas para todos os povos, aos quais dará lábios puros, para que todos possam invocar o nome do Senhor e servi-Lo de comum acordo. Será o reinado universal da idade futura ideal, caracterizada pelo triunfo do Senhor, na unidade e na salvação generosamente oferecida a todos sem distinção.
O Reino virá com o Messias, o qual esperamos vigilantes.