«O Senhor falava com Moisés como um homem fala com o seu amigo»

Bom dia, meu Deus e Senhor!
Quero muito agradecer-te o dom da oração – o poder “relacionar-me, em amizade, estando, muitas vezes e a sós, com quem sei que me ama” (Santa Teresa d´Ávila).
Esqueço-me, muitas vezes, da grandeza que é o estar contigo, num diálogo Tu a tu. Quase o faço tão normal, que já nem o sacralizo.
Por isso, hoje, te agradeço essa enorme graça e te peço que me faças, a cada mometo, muito consciente dela.


Hoje, Senhor, falas-me ao coração através de Ex 37, 7-11
“Moisés pegou na tenda e foi colocá-la a certa distância do acampamento. Deu-lhe o nome de tenda da reunião. E todos aqueles que desejavam consultar o Senhor iam à tenda da reunião, fora do acampamento. Quando Moisés se dirigia para a tenda, todo o povo se levantava, permanecendo cada um à entrada da própria tenda, para o seguir com os olhos, até Moisés entrar na tenda. Logo que Moisés entrava na tenda, a coluna de nuvem descia e mantinha-se à entrada, e o Senhor falava com Moisés. E, ao ver a coluna de nuvem que permanecia à entrada da tenda, todo o povo se levantava e se prostrava, cada um à entrada da sua tenda. O Senhor falava com Moisés, frente a frente, como um homem fala com o seu amigo. Moisés voltava, em seguida, para o acampamento; mas Josué, filho de Nun, o seu servidor, homem ainda novo, não se afastava do interior da tenda.”


Senhor, três coisas me chamam a atenção neste leitura:
Primeiro, que exista um lugar especial de encontro entre Deus e Moisés e Deus e o seu povo.
E que nesse lugar Deus fale com Moisés, com o seu povo, connosco mesmos, “como um homem fala com o seu amigo”. É assim que Deus se quer relacionar connosco, como verdadeiros amigos, e só em oração podemos, de facto, chegar a este nível de relação com Ele. É uma graça enorme podermos dispor deste dom, bem à mão de semear, e uma pena que não usufruamos dele como poderíamos…
Segundo, que a tenda seja colocada a certa distância do acampamento.
O que significa esta “a certa distância”?
Fora do acampamento mas a curta distância, à distância da vista – da porta de cada uma das suas tendas o povo via Moisés entrar na tenda da reunião.
Significa, para mim, Senhopr, que saibamos rezar com as janelas abertas (“Nunca rezes num espaço sem janelas” – Talmude): não muito perto, centrados no nosso umbigo, que não vejamos mais longe do que a nossa própria vida; nem muito longe, que nos esqueçamos de manter os pés na terra e a noção da nossa própria realidade.
“A oração dever servir para nos fazer ver o mundo como Deus o vê” (Joan Chister)
Terceiro, que este povo sacralize enormemente a relação que tem contigo.
Este povo levantava-se quando Moisés se dirigia para a tenda da reunião e prostrava-se à entrada das suas tendas quando a coluna de fumo descia e permanecia à entrada da tenda. Este povo respeitava profundamente a tua presença, Senhor, mesmo quando não te via. E esta consciência do sagrado, e também de que somos criaturas perante um Criador, parece ter-se perdido. Quase como se Tu não fosses Deus e nós homens, como se fossemos, ou melhor, quiséssemos ser, teus iguais. E com isso perde-se a possibilidade da relação verdadeira contigo, aquela que, de facto, plenifica e dá sentido à nossa vida.


Senhor, hoje peço-te, que nos ajudes a saber seguir o exemplo de fé, e de fé vivida, de Moisés e daquele povo.
Uma fé consciente de quem somos (filhos muito amados) e de quem Tu és (Pai que muito nos ama); uma fé baseada na oração e na escuta da tua Palavra e da tua vontade; uma fé humilde de quem se sabe criatura e de quem se encontra dispoto a fazer sempre a tua vontade.
Ámen!

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