“Um dos Anciãos tomou a palavra e perguntou-me: «Sabes quem são e de onde vieram os que estão vestidos com roupas brancas?» Eu respondi: «Não sei não, Senhor! Vós é que o sabeis!» Ele então explicou-me: «São os que vieram da grande tribulação. Eles lavaram e branquearam as suas roupas no sangue do Cordeiro.”
Apocalipse 7, 13-14
Creio que não é de demais continuar a refletir no dia dos defuntos com as leituras do dia de todos os santos. Não me parece coincidência que um dia esteja depois do outro. Pois recordamos todos aqueles que já morreram para esta vida mas nasceram para uma vida de total felicidade.
Gosto muito na primeira leitura deste dia da expressão: “são os que vieram da grande tribulação e lavaram as suas vestes no sangue do cordeiro”. A grande tribulação é essa metáfora bem concreta que é a vida de cada um – uma grande peregrinação; estamos em caminho por situações mais ou menos complexas, mais ou menos atribuladas.
Diz-se que no pensamento budista a primeira verdade é que a vida é difícil (“a dor é inevitável”). Contra isso não há que lutar. A vida é uma peregrinação atribulada. Por isso é tão importante que o autor do livro Apocalipse nos indique o caminho para a santidade – são os que lavaram as suas vestes no sangue do cordeiro. Esta imagem é muito curiosa pois é um paradoxo impossível que nos recorda que para Deus não há impossíveis e que Jesus lava e purifica-nos (de TUDO o que possamos experimentar e viver), lava-nos com a Sua entrega.
Muitas vezes não entendo, não aceito, não compreendo que Jesus possa ser meu servo, entregar-Se, abdicar de Si, totalmente por mim. Imerecidamente somos salvos, purificados com o sangue de Jesus. No entanto, em vez de acolher tanta entrega e tanto dom não aceitamos, não entendemos e não somos capazes de o viver.
Estas realidades não as poderemos entender com o nosso raciocínio lógico e racional e é por isso que nos devemos abrir a uma maneira de pensar e de agir que vai para além da nossa lógica humana.