«Ouviu-se uma ligeira brisa…»

Bom dia, querido Deus! Hoje quero começar a nossa conversa com as palavras do Salmo 26:
Diz-me o coração: «Procurai a sua face». A vossa face, Senhor, eu procuro! Não escondais de mim o vosso rosto, meu Deus e meu Salvador!


Percebo melhor como te manifestas, Senhor, lendo a passagem do Antigo Testamento que é lida hoje em toda a Igreja (1 Reis 19, 11-16):
Naqueles dias, o profeta Elias chegou ao monte de Deus, o Horeb, e passou a noite numa gruta. O Senhor dirigiu-lhe a palavra, dizendo: «Sai e permanece no monte à espera do Senhor». Então, o Senhor passou. Diante d’Ele, uma forte rajada de vento fendia as montanhas e quebrava os rochedos; mas o Senhor não estava no vento. Depois do vento, sentiu-se um terramoto; mas o Senhor não estava no terramoto. Depois do terramoto, acendeu-se um fogo; mas o Senhor não estava no fogo. Depois do fogo, ouviu-se uma ligeira brisa. Quando a ouviu, Elias cobriu o rosto com o manto, saiu e ficou à entrada da gruta. Ouviu então uma voz que lhe dizia: «Que fazes tu aqui, Elias?». Ele respondeu: «Ardo em zelo por Vós, Senhor, Deus do Universo, porque os filhos de Israel abandonaram a vossa aliança, derrubaram os vossos altares e mataram à espada os vossos profetas. Fiquei eu só, mas procuram tirar-me a vida». Disse-lhe o Senhor: «Vai pelo caminho do deserto e regressa a Damasco. Chegando lá, ungirás Hazael como rei de Aram; depois, Jeú, filho de Namsi, como rei de Israel; e Eliseu, filho de Safat, de Abel-Meola, como profeta em teu lugar».


Senhor, existes? Onde estás? Como te posso percepcionar?
Esta questão é colocada diariamente por tantos homens, mulheres, jovens e adultos. É colocada também por mim, muitas vezes, sobretudo quando desejaria transmitir a minha fé em ti, Senhor, aos meus filhos, à minha irmã, aos meus amigos, às pessoas com quem me cruzo e que não te conseguem encontrar…
Percebo que me respondes como a Eliseu:
«Sai e permanece no monte à espera do Senhor».
«Sai» – Dos teus esquemas, dos teus referenciais, das tuas ideias feitas de quem Eu sou. Porque Eu sou o Totalmente Outro, ultrapasso o teu referencial por todos os lados…
«Permanece» – Aguenta-te. Espera. Podes demorar a reconhecer-me. Podes precisar de meses, anos… Mas não deixes de me procurar. Porque Eu vou manifestar-me. Aliás, Eu estou sempre a manifestar-me, tu é que não te apercebes…
«no monte» – É mais fácil aperceberes-te da minha Presença em determinadas circunstâncias: no silêncio, na solidão, no sossego. Procura espaços assim, onde te seja mais fácil perceberes que Eu passo, que Eu estou.
É que a minha Presença é discreta, não se impõe. Não é espectacular e impositiva como um furacão, um terramoto ou um incêndio. Eu o Criador do Universo, prefiro mostrar-me a ti e aos teus irmãos como uma brisa suave…
Que Deus extraordinário que vocês são, Pai, Filho e Espírito!…
Tu, Espírito, manifestas-te na brisa suave… Tu, Jesus, vens ao mundo num estábulo, vives uma vida de pobre e morres numa cruz… Tu, Pai, crias tudo o que há no Mundo, tens poder sobre todas as coisas, e, no entanto, és tão discreto, que até nos permites duvidar da tua existência…


Querido Deus, hoje quero sair e permanecer no monte à tua espera. Sei que vens, que estás. Faz com que te consiga sentir. Mais ainda, faz com que todos os que te desejam e procuram te consigam encontrar… alguns, quem sabe, através de mim…

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