“A vida de Pedro ajuda-nos a todos, seguidores de Jesus, a passar pelo fracasso de experimentar o Deus que salva em Jesus.
Pedro personifica a incompreensão das primeiras comunidades – e das comunidades de todos os tempos – no que respeita à Salvação que traz a Vida passando pela Cruz. O seu itinerário não fica cingindo, em sintonia com as nossas debilidades e cobardias, à hora de estar com Jesus no Seu sofrimento. O seu testemunho é o do discípulo que não soube estar ao pé da Cruz, mas que se sabe transformado por esse mistério. Pedro é o discípulo que não compreende e se nega a entrar por um caminho que conduz à morte. Uma morte que o regenera como testemunha qualificada da Paixão, não apesar da sua debilidade, senão por causa dela.
De facto, com os relatos do seu papel na Paixão de Jesus, Pedro apresenta-nos a sua própria experiência pascal. O seu percurso convida-nos, como relato, a repetir na nossa própria história e, simultaneamente, como testemunho, a repetir na nossa própria vida a experiência do Ressuscitado.
Por tudo isso, Pedro é um bom modelo Pascal, porque nele se personifica a combinação da debilidade humana e da Fortaleza Divina, fios de que está composta toda a pessoa, instituição e comunidade eclesial.”
Juan Xavier Pardo
in revista “sal Terrae”, n.º 92 (2014)