“Digo-vos pois: pedi e dar-se-vos-á; procurai e achareis, batei e abrir-se-vos-á; porque todo aquele que pede, recebe; quem procura, encontra e ao que bate, abrir-se-á”. 
Lc 11, 9-10

1. Procurar

A nossa tentação é tentar ter a vida toda arrumada, resolvida de uma vez para sempre. A vida, precisamente porque é vida, é animada e não inanimada. Constrói-se e destrói-se e volta a construir-se. Avança e recua. A vida sai sempre fora da caixa.

É esgotante, e frustrante, passar a vida a tentar ter tudo equilibrado, controlado. Com o andar dos anos bem sabemos que, cedo ou tarde, há sempre qualquer coisa que se desconjunta ou desarranja – em mim, nos outros, nas circunstâncias. Não é o tudo ter arrumado e controlado que nos dá a serenidade que buscamos.

Acho que o Senhor nos convida a uma atitude de procura, de busca, de abertura face às contingências e às possibilidades da vida. Ele fala-nos de tantos modos, através de tantas situações e tantas pessoas. E todo o acontecimento pode ser ocasião para vivermos atitude de procura.

Procurar não é viver em constante sobressalto, ansioso, desorientado, sem rumo. É claro que precisamos de rumo, de certezas, de opções, de perseverança. Mas também precisamos não ficar acomodados, insensíveis às interpelações e às oportunidades.

Podemos sempre ser mais, podemos sempre crescer no amor e no bem, podemos sempre alargar horizontes, esperar mais da vida, encantarmo-nos mais com a vida e entregar mais à vida, ser mais livres e autênticos, acreditar mais. Procurar faz-nos abertos.

Procurar, estar em caminho, é a resposta à marca de desejo de infinitude e de eternidade que temos dentro de nós.