Só a semana passada soube que o lema da comunidade é “Eu faço novas todas as coisas”.
Temos mesmo que fazer novas todas as coisas. Tenho-me lembrado dos primeiros tempos de trabalho num hospital em Lisboa em que não compreendia as minhas colegas que tinham mais 10 ou 20 anos do que eu. Foi a primeira vez que contactei diariamente com colegas mais velhas do que eu. Já tinha trabalhado mas com pessoas da minha idade que estavam a passar pelas mesmas experiências de vida. Essas minhas colegas estavam casadas há 10 ou 20 anos, tinham filhos pequenos ou já crescidos. Estavam a sentir a monotonia da relação a 2. Eu não as compreendia. Tinha acabado de sair de casa dos meus pais, tinha um namorado há pouco tempo… Elas estavam cansadas da estabilidade… Eu ansiava a estabilidade, o namoro já não me satisfazia.
Agora compreendo-as melhor. A semana passada quando disse isto ao meu marido, ele ficou um pouco triste. “Então achas a nossa vida uma monotonia?”.
Acho que a certa altura podemos sentir monotonia na nossa vida de trabalho, de amizade, de relação a dois. Mas também acho que podemos renovar a nossa vida. Podemos renovar o nosso trabalho, fazê-lo de outra forma, nem que seja mudar a disposição da mobília na sala em que trabalhamos. As minha colegas do lado têm alterado os gabinetes por vezes mudando só a posição da secretária. Podemos renovar as nossas amizades, propor aos nossos amigos novas actividades, ou antigas actividades que deixámos de fazer. Podemos renovar a nossa relação a dois.
Para renovar a nossa vida temos que estar disponíveis. Deus está presente na vida dos homens através dos tempos. Os nossos ritmos vão mudando e Deus vai estando presente de forma diferente. Deus está sempre disponível. É bom sabermos que é normal haver monotonia na vida, para estar disponível para renova-la.