“Faz-me justiça”.

«Em certa cidade, havia um juiz que não temia a Deus nem respeitava os homens. Naquela cidade vivia também uma viúva que ia ter com ele e lhe dizia: ‘Faz-me justiça contra o meu adversário.’ Durante muito tempo, o juiz recusou-se a atendê-la; mas, um dia, disse consigo: ‘Embora eu não tema a Deus nem respeite os homens, contudo, já que esta viúva me incomoda, vou fazer-lhe justiça, para que me deixe de vez e não volte a importunar-me.’».
Lc 18, 2-5

 

A viúva representa o Reino de Deus, a graça que está constantemente batendo à nossa porta, de manhã, à tarde e à noite, suplicando:  “Faz-me justiça.” Ou, mais especificamente: “Estás disposto a dedicar um momento à oração? Estás disposto a perdoar os teus inimigos? Estás disposto a procurar reconciliar-te com os membros da tua família? Estás disposto a ajudar alguém que o necessite?”.

(…) Estas são as coisas que a viúva divina tem em mente quando suplica: “Faz-me justiça”. Por outras palavras: “Sê compassivo como o teu Pai celestial é compassivo”.

A viúva divina continua a bater à porta do nosso coração dia após dia enquanto, tal como o juiz injusto, tratamos de desfazer-nos dela. (…) Deus aproxima-se de nós ao longo de todo o dia, sai ao nosso encontro de manhã, à tarde e à noite, por meio das pessoas, dos acontecimentos e dos nossos próprios pensamentos, sentimentos, recordações e reacções. No fim, aceitamos o Reino, não porque sejamos justos ou o mereçamos, mas sim porque em certo momento, como o juiz injusto, já não podemos suportar as importunações da graça e nos vemos forçados a render-nos dizendo: Está bem, toma a minha vida. Ponho-me nas Tuas mãos.”

Thomas Keating, in “O Reino de Deus é como…”

Os comentários estão encerrados.