«Levantou-se, então, um doutor da Lei e perguntou-lhe, para o experimentar: «Mestre, que hei-de fazer para possuir a vida eterna?» Disse-lhe Jesus: «Que está escrito na Lei? Como lês?»O outro respondeu: «Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todas as tuas forças e com todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.» Disse-lhe Jesus: «Respondeste bem; faz isso e viverás.»
Evangelho segundo S. Lucas, capítulo 10, versículo 25 a 28
Esta é a pergunta que todos fazemos, durante as nossas vidas, de forma mais ou menos explícita.
Que fazer para ser eternamente feliz (para possuir a vida eterna)?
Jesus devolve-nos a pergunta. Como lês o que vives? Como lês o que sentes e aspiras?
Dentro de nós mesmos temos a resposta: amar o que é mais sagrado, aquilo sem o qual não poderíamos mesmo viver.
Senhor, tenho-me vindo a aperceber que toda a Tua actuação tem apena um objectivo, garantir a vivência do que para mim, e para cada um de nós, é mais sagrado: a liberdade interior, ser amado como pessoas, ter um horizonte grande nas nossas vidas, poder aspirar sempre a mais e a melhor.
Enviaste-nos o Teu filho para descobrirmos a nossa identidade, que está tantas vezes escondida debaixo de um sem número de tarefas por fazer e de stress diário. Através d’Ele, posso descobrir onde está a verdadeira liberdade. Por Ele posso viver apenas do amor, aprender a ser misericordioso, trazer Vida para a minha vida e ser dador de vida aos outros.
Por Ele posso descobrir a forma como sou imensamente amado e o valor que tenho. Posso também descobrir o valor que dá à minha vida. Eu valho muito mais do que os meus fracassos e incapacidades e sou um manancial ilimitado de talento e de capacidades. Com Ele posso chegar aonde os meus sonhos me desejam levar.
E os meus sonhos levam-me ao encontro dos outros. Não posso ser feliz sózinho. A minha felicidade passa por ter e saborear relações intensas, profundas, marcantes, cheias de vida, com as pessoas que me rodeiam.
Para que possa construir estas relações tenho, no entanto, de descobrir, em primeiro lugar, quem sou eu, o valor que tem a minha vida, o imensamente amado que sou, por Deus, mesmo antes de ter sido concebido, desde o início dos tempos.
Só assim é que serei verdadeiramente livre para amar e para construir relações em que dou vida aos outros, em vez de lhes sugar a vida e de os prender com inúmeras cadeias. Para que possa dar vida e liberdade aos outros, terei de ser livre e amado primeiro. Para um filho querer aprender a andar e dar os primeiros passo para longe da mãe, tem de se sentir seguro de que, a qualquer momento, pode voltar para o seu regaço, mesmo após uma queda.
Por isso nos dizes ama a Deus em primeiro lugar com todas as tuas forças, depois ao próximo como a Ti mesmo. A sequência tem de ser esta: entrar em relação com Deus, receber o Seu amor, ter consciência de quem sou, amar-me e, só depois, ir ao encontro dos outros, para amar com sou amado. Só assim viverei. Se a sequência for outra está tudo estragado.
Obrigado Pai, por este momento de oração e por me amares como ninguém.
Boa oração