Com certeza, ouvistes falar da graça de Deus que me foi dada para vosso benefício, a fim de realizar o seu plano: que, por revelação, me foi dado conhecer o mistério, tal como antes o descrevi resumidamente. Lendo-o, podeis fazer uma ideia da compreensão que tenho do mistério de Cristo, que, não foi dado a conhecer aos filhos dos homens, em gerações passadas, como agora foi revelado aos seus santos Apóstolos e Profetas, no Espírito: os gentios são admitidos à mesma herança, membros do mesmo Corpo e participantes da mesma promessa, em Cristo Jesus, por meio do Evangelho. Dele me tornei servidor, pelo dom da graça de Deus que me foi dada, pela eficácia do seu poder. A mim, o menor de todos os santos, foi dada a graça de anunciar aos gentios a insondável riqueza de Cristo e a todos iluminar sobre a realização do mistério escondido desde séculos em Deus, o criador de todas as coisas para que agora, por meio da Igreja, seja dada a conhecer, aos Principados e às Autoridades no alto do Céu, a multiforme sabedoria de Deus, de acordo com o desígnio eterno que Ele realizou em Cristo Jesus Senhor nosso. Em Cristo, mediante a fé nele, temos a liberdade e coragem de nos aproximarmos de Deus com confiança.
Ef 3, 2-12
Quando Paulo diz que Cristo veio unir judeus e pagãos num só e único povo é considerado, pelos seus contemporâneos judeus, um revolucionário-traidor, ou seja, alguém que saiu da estrutura própria e se introduziu no campo contrário.
Mas, para Paulo esta “traição” revolucionária não foi, à partida, uma opção sua, mas uma graça, um dom gratuito de Deus. A sua tarefa consiste em anunciar a toda a gente que já não existem monopólios de Deus a favor de nenhum povo, de nenhuma comunidade cultural, de nenhuma tradição histórica por mais venerável que seja. Este anúncio, segundo Paulo, é um mistério, algo que estava escondido nos recônditos da transcendência e que unicamente se descobre por meio de uma gratuita revelação de Deus. Esta revelação foi gradual: nas gerações passadas o mistério não foi dado a conhecer aos filhos dos homens, como agora foi revelado pelo Espírito Santo aos seus santos apóstolos e profetas. Paulo, como apostolo, não reivindica só para si a revelação do mistério, apenas afirma que a pregação deste mistério – Cristo entre os gentios – lhe foi confiada como um ministério específico: “Foi-me confiada a evangelização dos incircuncisos, como a Pedro a dos circuncisos” (Gl. 2, 7).
Caríssimos irmãos, se temos talentos e dons em relação aos outros, não consideremos isto como mérito pessoal, mas com dons provenientes de Deus.
E, como Paulo, saibamos ser agradecidos.