Segue-me!

Esta já foi a terceira vez que Jesus apareceu aos seus discípulos, depois de ter ressuscitado dos mortos. Depois de terem comido, Jesus perguntou a Simão Pedro: «Simão, filho de João, tu amas-me mais do que estes?» Pedro respondeu: «Sim, Senhor, Tu sabes que eu sou deveras teu amigo.» Jesus disse-lhe: «Apascenta os meus cordeiros.» Voltou a perguntar-lhe uma segunda vez: «Simão, filho de João, tu amas-me?» Ele respondeu: «Sim, Senhor, Tu sabes que eu sou deveras teu amigo.» Jesus disse-lhe: «Apascenta as minhas ovelhas.» E perguntou-lhe, pela terceira vez: «Simão, filho de João, tu és deveras meu amigo?» Pedro ficou triste por Jesus lhe ter perguntado, à terceira vez: ‘Tu és deveras meu amigo?’ Mas respondeu-lhe: «Senhor, Tu sabes tudo; Tu bem sabes que eu sou deveras teu amigo!» E Jesus disse-lhe: «Apascenta as minhas ovelhas. Em verdade, em verdade te digo: quando eras mais novo, tu mesmo atavas o cinto e ias para onde querias; mas, quando fores velho, estenderás as mãos e outro te há-de atar o cinto e levar para onde não queres.» E disse isto para indicar o género de morte com que ele havia de dar glória a Deus. Depois destas palavras, acrescentou: «Segue-me!»
Jo 21, 14-19

Em vários momentos da minha vida, esta parte da história da vida de Pedro e de Jesus tem-me inspirado, desafiado e animado, de diferentes modos.

Nas últimas semanas tem-me vindo muito à cabeça e ao coração; particularmente as últimas palavras que o nosso Amigo disse a Pedro neste encontro,  já depois de ter ressuscitado:

“Em verdade, em verdade te digo: quando eras mais novo, tu mesmo atavas o cinto e ias para onde querias; mas, quando fores velho, estenderás as mãos e outro te há-de atar o cinto e levar para onde não queres.»

Estou numa fase da vida (50 anos…) em que a saúde dos nossos mais velhos (pais, tios, amigos) começa a falhar… Perdem capacidades, tornam-se dependentes… O seu feitio tende a refinar… Mesmo sem o procurarmos, ficamos com estes nossos queridos nos braços… E a nossa vida dá uma volta de 180 graus…

Tenho amigos próximos a quem uma doença grave levou para onde não queriam: Sofrimento, medo, incapacidade…

De facto, uma coisa é sermos nós a decidir o que fazemos, que vida levamos e como nos dedicamos aos outros e a Deus. Outra, muito diferente, é serem as circunstâncias a determiná-lo…

Como encaixamos as reviravoltas da vida? Como reformulamos o nosso plano de vida, quando as circunstâncias tornam impossível de concretizar a sua versão inicial?

Qual é hoje, no meu caso, o género de morte com que hei-de dar glória a Deus? O que é que vocês, Jesus e Pedro, me têm a dizer sobre isso?

Jesus diz-me, com certeza, o que disse a Pedro:
«Segue-me!»

“Por onde? Como?”- pergunto eu.

«O Filho do Homem tem de sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos doutores da Lei, tem de ser morto e, ao terceiro dia, ressuscitar.»

«Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, dia após dia, e siga-me. Pois, quem quiser salvar a sua vida há-de perdê-la; mas, quem perder a sua vida por minha causa há-de salvá-la.»
Lc 9, 22-24

Como posso aspirar a ter uma vida sem contrariedades, sobressaltos e mortes, quando sigo um Homem cuja vida foi assim? Sofreu muito, foi rejeitado, foi morto… Mas também ressuscitou!…

Que tradução tem isso na minha vida de hoje?

O que é negar-me a mim mesma nas minhas circunstâncias actuais?

E o que é tomar a minha cruz todos os dias?

O que é querer ganhar a minha vida?

E o que é perdê-la, por Tua causa?

Ajuda-me, Amigo Jesus! Estou certa de que a resposta para todas as fases da minha vida passa por Ti…

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