“Naqueles dias, havia outra vez uma grande multidão e não tinham que comer. Jesus chamou os discípulos e disse: «Tenho compaixão desta multidão. Há já três dias que permanecem junto de mim e não têm que comer. Se os mandar embora em jejum para suas casas, desfalecerão no caminho, e alguns vieram de longe.» Os discípulos responderam-lhe: «Como poderá alguém saciá-los de pão, aqui no deserto?» Mas Ele perguntou: «Quantos pães tendes?» Disseram: «Sete.» Ordenou que a multidão se sentasse no chão e, tomando os sete pães, deu graças, partiu-os e dava-os aos seus discípulos para eles os distribuírem à multidão. Havia também alguns peixinhos. Jesus abençoou-os e mandou que os distribuíssem igualmente. Comeram até ficarem satisfeitos, e houve sete cestos de sobras. Ora, eram cerca de quatro mil. Despediu-os e, subindo logo para o barco com os discípulos, foi para os lados de Dalmanuta.”
Os discípulos responderam-lhe: «Como poderá alguém saciá-los de pão, aqui no deserto?» Mas Ele perguntou: «Quantos pães tendes?»
A pedagogia de Jesus com os seus discípulos ao longo desta passagem da multiplicação dos pães, toca-me profundamente, talvez por me identificar com a necessidade de ter quem me oriente o olhar para o que é essencial e para o facto de esse essencial me ser dado, a mim, a cada momento por Deus.
Senão vejamos:
1.º Jesus congrega os discípulos.
2.º Jesus identifica o problema – mostrando como Ele o vê e equaciona, para que possamos entrar na dinâmica e lógica do Seu coração. Jesus diz ter compaixão daquela multidão: não se trata de fazer uma obra de caridade, ou de cumprir um preceito moral, de educação ou obrigação; trata-se antes de sentir as fragilidades dos outros como suas, de se identificar com a dor e a pobreza do outro, com o esforço do outro, de reconhecer o seu valor e a sua vida, de os ver como merecedores do mesmo que eu, de o fazer por amor.
3.º Os discípulos tentam escapar à responsabilidade justificando-se com a falta de alimentos e o local/condições onde se encontravam. Eles não assumem o problema como sendo seu já que não têm respostas para lhe dar e remetem a solução do mesmo para Jesus. Jesus, por seu turno, mostra e revela-lhes que os meios de que eles dispõem, ainda que não se apercebam, são os suficientes e estão à sua disposição. Jesus convida-os a procurarem uma resposta dentro daquilo (dos dons e graças, dos meios, das condições…) que já tem.
4.º Jesus chama a multidão e ordena-a: é Jesus quem entrega aos discípulos o seu “campo de missão”.
5.º Jesus dá graças e abençoa: lembra que o protagonista é o Pai, e que é o Pai quem faz e multiplica; que é Ele quem provê, entrega e faz dar fruto.
6.º Jesus entrega e passa os alimentos aos discípulos para que sejam eles a repartir e dar o alimento aos outros.
7.º Jesus despede a multidão e parte para outro lugar.
Sou consciente que Deus conta com a minha vida? O meu olhar sobre os outros e a vida está em sintonia com o de Jesus? Reconheço que os dons, meios e capacidades que tenho, se entregues a Deus, são os suficientes para responder aos desafios? Quero estar disponível para a missão?