“Naquele tempo, Jesus entrou, num sábado, em casa de um dos principais fariseus, para tomar uma refeição. Todos O observavam. Ao notar como os convidados escolhiam os primeiros lugares, Jesus disse-lhes esta parábola: «Quando fores convidado para um banquete nupcial, não tomes o primeiro lugar. Pode acontecer que tenha sido convidado alguém mais importante do que tu. Então, aquele que vos convidou a ambos, terá que te dizer: ‘Dá o lugar a este’; e ficarás depois envergonhado, se tiveres de ocupar o último lugar. Por isso, quando fores convidado, vai sentar-te no último lugar; e quando vier aquele que te convidou, dirá: ‘Amigo, sobe mais para cima’; ficarás então honrado aos olhos dos outros convidados.
Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado».”
Lc 14, 7-12
Ao ler esta Leitura não consigo deixar de ficar surpreendido com a frontalidade com que Jesus, em qualquer lugar e em qualquer contexto social, observa a realidade e a partir dela procura transmitir a mensagem que considera a mais oportuna para quem o acompanha.
Aliás, nem o facto de Jesus ter ido “a casa de um dos chefes dos fariseus” e de ver que “todos observavam” o que fazia, O condicionava a dizer o que entendia que deveria ser dito.
Connosco, e atendendo a que somos seres em (constante) relação, sucede que procuramos, regra geral, ainda que mais nuns contextos do que noutros, estar de bem com os todos. Assim dita a “moral cristã”.
Eu acredito que não é só esta nossa matriz cultural que o dita. É também o nosso próprio interesse “consciente”.
Com efeito, sendo que a primeira constitui o “caldo” onde habitamos, no fundo uma matriz, um padrão expectável de comportamentos, considero que o segundo já tem uma dimensão pessoal muito mais forte na qual, creio, Jesus pode ter muito para nos dizer.
Por isso, olhando para o exemplo de Jesus nesta leitura, interroguemo-nos em que medida este testemunho nos pode ajudar a sermos mais verdadeiros e mais livres no pensar e no agir, para que em determinadas situações, sentindo que Jesus teria uma palavra ou um gesto naquele momento, não enjeitemos humildemente arriscar e proferir a tal palavra oportuna ainda que isso possa implicar ficarmos “no último lugar”.