“A Vitória está ganha … “

“Javé dos exércitos vai preparar no alto deste monte, para todos os povos do mundo, um banquete de carnes gordas, um banquete de vinhos finos, de carnes suculentas, de vinhos refinados. Neste monte, Javé arrancará o véu que cobre todos os povos, a cortina que esconde todas as nações. Ele destruirá para sempre a morte. O Senhor Javé enxugará as lágrimas de todas as faces, e eliminará da Terra inteira a vergonha do seu povo – foi Javé quem o disse. Dir-se-á naquele dia: «Eis o nosso Deus! Era n’Ele que esperávamos para que nos salvasse: celebremos e festejemos a sua salvação». A mão de Javé pousará sobre este monte, enquanto Moab será pisado no chão, como se pisa a palha na estrumeira.”
Is. 25, 6-10

“Javé é o meu pastor. Nada me falta. Em verdes pastagens me faz repousar; para fontes tranquilas me conduz, e restaura as minhas forças. Ele me guia por bons caminhos, por causa do seu nome. Embora eu caminhe por um vale tenebroso, nenhum mal temerei, pois estás junto a mim; o teu bastão e o teu cajado deixam-me tranquilo. Diante de mim preparas a mesa, à frente dos meus opressores; unges a minha cabeça com óleo, e a minha taça transborda. Sim, felicidade e amor me acompanham todos os dias da minha vida. A minha morada é a casa de Javé, por dias sem fim.”
Salmo 22 (23)


Tenho pensado no quanto são importantes para a nossa vida individual e para o nosso mundo as leituras de advento. Vão falar-vos de uma vitória que já está conseguida, sobre tantas coisas que nos oprimem, nos tiram a alegria, nos roubam a paz.

Hoje na leitura o profeta Isaías dá-nos uma perspectiva daquilo que será a nossa vida depois da morte – a presença constante com Deus. A promessa é fascinante: Ele destruirá a morte para sempre, enxugará as lágrimas de todos e fará desaparecer a vergonha (a miséria) que pesa sobre nós. Mas porque é que não podemos já hoje experimentar isto – Isaías falava antes de Jesus e sabemos que Jesus veio para dar corpo a esta promessa e que a sua ressurreição é o sinal de que a morte não é a última palavra como muitos ainda acreditam. Por isso fica em mim este sentimento de que isto é muito bonito mas a realidade é menos poética.

Por isto quis propor também para a oração o salmo deste dia. Este salmo tem me acompanhado nos momentos difíceis da minha vida e tem-me dado força para ultrapassar/ ou para viver, as situações difíceis – com pessoas, com duvidas e incertezas, com fragilidades. Aliás, este salmo e aquele versículo de Isaías que me dá força quando tenho de estar perante os “grandes deste mundo” – “Reis verão e levantar-se-ão, os chefes se ajoelharão” (Is. 49,7). Faz parte da nossa vida a dor, a dificuldade, o medo e a insegurança, mas a verdade é que podemos experimentar não estar sozinhos nesses momentos, e estar acompanhados por alguém que terá sempre a última palavra, que se puder não deixará que nenhum mal nos ocorra (ou pelo menos nada que não possamos suportar – porque se não conseguíssemos suportar já não estaríamos a viver, seria Ele a suportá-lo).

Precisamos de procurar esta experiência de ser acompanhado e protegido em todas as situações. Não é uma magia, é uma presença que nos retorna alguma paz, alguma força, alguma confiança. Se as coisas não estão a correr como desejaríamos não quer dizer que não estejamos a ser protegidos. O “filme” não termina quando nós achamos nem a realidade é tudo aquilo que estamos a ver – “no fim tudo acabará bem”, Julian de Norwich.

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