“Como está perto de nós o Senhor, sempre que O invocamos”

Bom dia, Senhor! A rapidez dos dias, ou melhor, a rapidez da forma como vivo os meus dias, deixa-me a sensação de que vou sem Deus por dentro. Vou-me cruzando com pessoas, tomo decisões – pequenas e grandes – ao sabor do que me sai em cada momento. Mas a história do encontro de Moisés e do seu povo Contigo no deserto mostra-me que a Tua presença não depende de mim, e que Tu permaneces sempre em mim.


Esta história que tanto me diz hoje está relatada no Livro do Deuteronómio 4, 1.5-9:
Moisés falou ao povo, dizendo: «Agora, Israel, escuta os preceitos que vos dou a conhecer e põe-nos em prática, para que vivais e entreis na posse da terra que vos dá o Senhor, Deus dos vossos pais. Ensinei-vos estas leis e preceitos, conforme o Senhor, meu Deus, me ordenara, a fim de os praticardes na terra de que ides tomar posse. Observai-os e ponde-os em prática, porque eles serão a vossa sabedoria e a vossa prudência aos olhos dos povos, que, ao ouvirem falar de todas estas leis, dirão: ‘Que povo tão sábio e prudente é esta grande nação!’. Qual é, na verdade, a grande nação que tem a divindade tão perto de si como está perto de nós o Senhor, nosso Deus, sempre que O invocamos? E qual é a grande nação que tem mandamentos e decretos tão justos como esta lei que hoje vos apresento? Mas tende cuidado; prestai atenção para não esquecer tudo quanto viram os vossos olhos, nem o deixeis fugir do pensamento em nenhum dia da vossa vida. Ensinai-o aos vossos filhos e aos filhos dos vossos filhos».


Quando consigo rezar com algum tempo e calma, a Palavra entra profundamente em mim e muda o meu estado interior. Sinto que trago por dentro algo novo, que não só me transforma a longo prazo mas também, naquele tempo, me dá uma paz que me faz ver e agir mais de acordo com o estilo de Deus. Por vezes, parece que o exterior fica como que em “câmara lenta” e consigo dialogar com Deus durante as acções que vou tomando.
Mas muitas vezes é difícil entrar nesta forma de estar. O ritmo exterior é avassalador e não me disponho a deixar-me inundar pela Tua Graça, Senhor… Sou teimoso, independente e impaciente, como os judeus foram no deserto. Vou em frente, reagindo ao que se passa à minha volta, mas sentindo o desconforto de estar fora do meu centro.
Muito antes de Jesus nascer, diz-me Moisés: “Qual é, na verdade, a grande nação que tem a divindade tão perto de si como está perto de nós o Senhor, nosso Deus, sempre que O invocamos?”
Faz toda a diferença, que em todas as circunstâncias, Tu estejas, e estejas à distância da minha invocação. É a minha forma de ser, humano, com defesas, teimosias, com a cabeça e o coração cheios de tralha, que precisa de tanto tempo para aceitar a Tua presença e não Te vê.
Mas a minha história, a minha maneira de ser, as minhas regras básicas de vida já foram moldadas pela minha vida Contigo. Há muitas atitudes interiorizadas, como cumprimentar o segurança da recepção do trabalho como o melhor sorriso que consigo, não comprar garrafas de água para não gastar dinheiro desnecessário e poluir o planeta, atender o telefone à minha filha com calma mesmo que esteja num dia “infernal” para ela sentir que estou a pensar nela, ou fazer o meu melhor em cada aula mesmo quando os alunos estão noutra. Estas atitudes fazem parte dos “mandamentos” que eu e Tu fomos construindo. Ter esta consciência ajuda-me a ver que estou muito mais Contigo do que penso, e a desdramatizar o pouco tempo que tenho para rezar de forma mais exclusiva, profunda e saborosa.


Senhor, peço-Te neste dia ajuda para descobrir os sinais escondidos da nossa vida conjunta, os nossos próprios “mandamentos”, a Tua presença nos nossos dias e nas nossas travessias do deserto diárias, em que parece que vou sozinho, em modo automático. E que algures neste dia tenhamos um tempo, mesmo que curto, para juntos nos relembrarmos de nós os dois!

Os comentários estão encerrados.