«Dá a quem te pedir e não voltes as costas a quem te pede emprestado.»

Olá Jesus, agradeço-te a graça de poder vir a ti sempre que preciso de colo e orientação. Podem estar todas as portas fechadas e sem tempo para mim, mas tu tens sempre espaço e tempo para me escutar. Que também eu me lembre de ser um pouco assim a quem me pede explicitamente ou por meio de sinais que precisa do meu tempo, das minhas palavras, do meu silêncio ou do meu carinho.


Escuto-te através da leitura do Evangelho hoje em S. Mateus 5, 38-42:
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Ouvistes que foi dito aos antigos: ‘Olho por olho e dente por dente’. Eu, porém, digo-vos: Não resistais ao homem mau. Mas se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a esquerda. Se alguém quiser levar-te ao tribunal, para ficar com a tua túnica, deixa-lhe também o manto. Se alguém te obrigar a acompanhá-lo durante uma milha, acompanha-o durante duas. Dá a quem te pedir e não voltes as costas a quem te pede emprestado.


Por mais injusto que possa parecer com estas tuas palavras, Jesus, sei que me queres levar a outro nível de relação humana. Queres tocar-me de uma forma que eu aceite ser construtora da paz contigo. A paz não é algo que compete aos líderes mundiais e aos organismos internacionais e que nada tem a ver connosco. Felizmente não há guerra aqui como há na Síria ou na Venezuela, ou a ameaça terrorista que tem ensombrado países como França ou Reino Unido. No entanto, que não passe pela minha cabeça que as minhas ações não têm impacto. Não descurando o sentido de justiça, não tenho dúvida de que o melhor gesto é aquele que impede o início de relações conflituosas. Se forem alimentadas com pensamentos e atos desprovidos de amor, esculpem no nosso interior pouco a pouco muitos sentimentos de destruição, nossa e do irmão.
Que situações guardo que me magoam e não consigo perdoar?
Se me sinto amada por ti, acolhida na minha fraqueza, sou capaz de amar e acolher a fraqueza do meu irmão. Na mesma lógica, se não estou introduzida neste aconchego e relação contigo, dificilmente sou capaz de tolerar, perdoar e acolher quem me magoa. Muitas vezes a mágoa que o irmão me provoca é a sua forma de manifestar a necessidade de carinho e atenção, e precisamente por isso, a atitude que melhor o ajuda a sarar esse vazio e a impedir novos atos de desamor é acolhê-lo com um ato desigual, contrário, que o deixe suficientemente confundido para se perguntar a si próprio “mas porque é que ela não me respondeu com a mesma moeda?!…”


Que eu saiba procurar-te Jesus, aprender contigo e a deixar-me cativar por esta atitude radical de amor ao próximo sem medida nem comparações. Pois é esta atitude diferente mas eficaz o que precisamos de ter no nosso pequeno lugar no mundo para construirmos a paz.

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