“É este o tempo favorável, é este o dia da salvação”

Bom dia, querido Pai.
Hoje é Quarta-feira de Cinzas! Dia que nos recorda a nossa fragilidade… Mas, também, dia em que Tu, Senhor, nos sussurras que não nos deixas aqui, no nosso limite e pecado, e que, através da nossa vontade e fidelidade, nos levas até Ti, ao encontro do Teu imenso Amor.
Que nos possas encontrar, Senhor, profundamente disponíveis para que, neste tempo tão favorável, saibamos ir ao Teu encontro.


Hoje, Senhor, neste dia em que começa a Quaresma, falas-me através de São Paulo na sua Segunda Carta aos Coríntios (2 Cor 5, 20 – 6, 2):
É em nome de Cristo, portanto, que exercemos as funções de embaixadores e é Deus quem, por nosso intermédio, vos exorta. Em nome de Cristo suplicamo-vos: reconciliai-vos com Deus. Aquele que não havia conhecido o pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nos tornássemos, n´Ele, justiça de Deus. E como Seus colaboradores, exortamo-vos a não receber em vão a graça de Deus. Pois Ele diz: No tempo favorável, ouvi-te e, no dia da salvação, vim em teu auxílio. É este o tempo favorável, é este o dia da salvação.


Sinto, querido Pai, que através desta leitura, me fazes dois pedidos e que me convidas a aprofundá-los durante este tempo de Quaresma.
Pedes-me, Pai, nas palavras de Paulo (o qual não deixa de sublinhar que és Tu quem, através dele, me exorta), que me reconcilie Contigo.
O que é que isto significa?
Significa reconciliar-me comigo mesma, pelo que não me amo e aceito.
Significa reconciliar-me com os outros, porque as relações humanas são complicadas e tenho, tantas vezes, dificuldade em me colocar no lugar do outro e facilidade em achar que sou “dona da verdade”.
Significa reconciliar-me com a vocação e o sonho que Tu, Senhor, tens para mim, não estando sempre “à espera de…” ou “insatisfeita com…” ou “frustrada porque…”
Significa reconciliar-me com o mundo, não criticando tanto e centrando-me mais no “que posso eu fazer?” Na minha casa, no meu prédio, na minha rua, no meu bairro, na minha paróquia, na minha comunidade, na minha cidade, no meu pais, no meu planeta, no meu Universo…
Significa reconciliar-me com a Natureza, com a minha Terra, com o meu papel na protecção desta “maravilhosa casa” que nos deste para viver e que queremos preservar para as gerações futuras.
Significa…
Pedes-me também, Pai querido, que não receba em vão as Tuas graças!
O que é que isto significa?
Ajuda-me a parar e a reconhecer todas as graças que tenho. Família. Amigos. Comunidade. Trabalho. Saúde. Casa. Comida. Água. Roupa. Cultura. Talentos e Dons. Fé, ainda que curta. Vontade de ter sentido e fazer caminho. Vida. …
Ajuda-me a agradecê-las, quando tantas vezes as sinto como “um peso” (parece impossível… mas bem sabes que às vezes acontece…)
E ajuda-me a discernir Contigo o modo como tenho vivido essas graças. Com alegria e compromisso? Ou em vão?
Obrigada, Senhor, porque não me deixas sozinha, no desespero da minha insegurança e ignorância, quando me pedes que faça este caminho, tão difícil, de voltar a Ti.
Obrigada, Pai, porque me dizes que este é o tempo favorável, o tempo da salvação. E que no tempo favorável me ouvirás e no dia da salvação virás em meu auxílio.
E, obrigada, porque, por isso, a Esperança é possível!


Senhor, ponho nas Tuas mãos este caminho de reconciliação que hoje, Contigo, quero começar. E peço-Te que não deixes, como me tem acontecido tantas vezes, que este tempo favorável se perca no corrupio do meu dia-a-dia.
Ámen!

Os comentários estão encerrados.