«Estai sempre prontos a dar a razão da vossa esperança»

Querido Pai, obrigado pela tua presença. Obrigado por me procurares. Obrigado pelo desejo que colocas em mim para te procurar.


A leitura de hoje do livro de S. Pedro, capitulo 3, versículo 15 ao 18, convida-me a pensar no modo como falo da fé e como explico o que significa para mim acreditar.
Diz assim a leitura:
Reconhecei Cristo como Senhor, estando sempre prontos a dar a razão da vossa esperança a todo aquele que vos perguntar, mas com bons modos, com respeito e mantendo a consciência limpa. Assim, quando fordes difamados em alguma coisa, aqueles que criticam o vosso bom comportamento em Cristo ficarão confundidos. Pois, se é da vontade de Deus que sofrais, é melhor que seja por praticardes o bem, e não o mal. De facto, o próprio Cristo morreu uma vez por todas pelos pecados, o justo pelos injustos, a fim de vos conduzir a Deus. Ele sofreu a morte em seu corpo, mas recebeu vida pelo Espírito.


Esta leitura toca num aspeto muito importante da nossa missão como cristãos e como Verbum Dei que é ser testemunha da ressurreição. Penso que todos teremos experiência de ambientes perfeitamente hostis à fé e onde o melhor é não dizer nada e conquistar com a nossa atitude. Mas a mim pessoalmente o que me custa é ter uma oportunidade para falar da fé e não estar pronto para dar razão da minha esperança e da minha alegria. Ficar calado. Sinto isso como dramático. No entanto não podemos dizer palavras ocas, frases feitas e chavões. Por isso a prontidão deve estar colada ao respeito e aos bons modos de que fala a leitura. É uma questão de inteligência até.
Quanto mais normais e adequadas forem as palavras, quanto mais espontâneas e naturais mais contam e mais são ouvidas. Recordo-me de ter estado num grupo de psicoterapia e de ter falado da minha experiência de fé como nunca o tinha feito até então. Foi num curso de educação terapêutica de diabetes e por isso ainda é mais estranho. E porquê? Porque abordávamos temas tão humanos e universais que era natural que cada um partilhasse aquilo que o fazia gostar de viver, ter esperança, viver o sofrimento, sonhar e procurar a felicidade. A fé vem de Deus. Não somos nós que fazemos ninguém acreditar. Mas é muito importante que a Graça de Deus possa chegar – e para isso tem de passar através de nós e com aquilo que vivemos e que somos – não com chavões …
É muito fácil ficarmos bloqueados com certas questões difíceis que a sociedade nos coloca. Por vezes vivo com culpabilização não ter mais intervenção nesses debates. Mas vou sentindo da parte de Deus o convite a rever o que poderia dizer, o que poderia ter dito e não disse. E ao mesmo tempo vou pedindo a graça de estar atento às oportunidades.


Senhor ajuda-me a procurar as palavras certas. As minhas. Não as frases feitas nem a linguagem fechada e pouco universal que por vezes utilizamos. Ajuda-me a confiar na tua presença através de mim e a oferecer os meus lábios para o momento e para as palavras que tu coloques em minha boca.

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