«O Senhor ouviu a minha súplica»

Há um ano rezei a curta descrição da dedicação de Samuel ao Senhor para preparar pistas do Pera aí. E há um ano teve um grande impacto em mim. Quando agora a reli reconheci-a de novo e pensei: “Que vou dizer este ano?”, ou melhor, “O que me diz o Senhor este ano com esta leitura”?


Leitura do Livro do Profeta Samuel 1, 24-28:
Naqueles dias, Ana tomou Samuel consigo e, levando um novilho de três anos, três medidas de farinha e um odre de vinho, conduziu-o à casa do Senhor, em Silo. O menino era muito pequeno. Imolaram o novilho e apresentaram o menino a Heli. Ana disse-lhe: «Ouve, meu senhor. Por tua vida, eu sou aquela mulher que esteve aqui orando ao Senhor na tua presença. Eis o menino por quem orei: o Senhor ouviu a minha súplica. Por isso também eu o ofereço para que seja consagrado ao Senhor todos os dias da sua vida». E adoraram o Senhor.


Ana recebeu de Deus um menino. Para muitos de nós ter um ou mais filhos é um mínimo, é-nos devido. Ter um filho, ter pais, ter alguma saúde, ter conforto material, ter quem gosta de nós, ter um Deus. Sentado na confeitaria onde escrevo muitas vezes, ouço as conversas da mesa do lado, ouço-me a mim. Tenho tanta coisa! Mas penso que também me falta tanta coisa!
Tenho carências e não é por viver em abundância que o que me falta é menos real. Pensar que todos os bens que recebi me tiram o “direito” de me sentir incompleto e pobre é moralismo, é estúpido e tenho-o praticado muito. A abundância em que vivo torne mais difícil dirigir-me a Deus como Ana. A ela, todas as suas fibras, todas as suas forças, o que o coração, o corpo, o espírito lhe diziam que lhe faltava um filho. E eu, sei o me falta? Sei o que preciso de pedir a Deus? Ou acho que tenho tudo, que sou auto-suficiente, ou que não tenho direito a pedir-lhe que me complete?
Hoje sei o que me faz falta na vida, mas não tem sido fácil chegar ao ponto em que sei identificar com alguma precisão a fonte do meu vazio interior. Foi preciso atravessar muita ideia, muito raciocínio tortuoso, preconceito e moralismo (meus, não dos outros). Talvez 2018 seja o ano em que peço ao Senhor, insistentemente, que preencha o meu vazio, e talvez 2019 seja o ano de ir ao templo dedicar ao Senhor o que Ele me deu.


Senhor, dá-me o conhecimento que preciso saber o que te hei-de pedir, dá-me a confiança para o pedir e ser agradecido do que recebo.

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