Obrigado Senhor por estar na tua presença. Obrigado por este tempo de Páscoa. Senhor que neste dia, como São Paulo, possa não só dizer, como também fazer a experiência de que “fui alcançado por ti” (Fl 3,12).
Hoje encontro-te no Evangelho de João 6, 16-21:
Ao cair da tarde, os discípulos de Jesus desceram até junto do mar, subiram para um barco e seguiram para a outra margem, em direcção a Cafarnaum. Já fazia escuro e Jesus ainda não tinha ido ter com eles. Como o vento soprava forte, o mar ia-se encrespando. Tendo eles remado duas e meia a três milhas, viram Jesus aproximar-Se do barco, caminhando sobre o mar e tiveram medo. Mas Jesus disse-lhes: «Sou Eu. Não temais». Quiseram então recebê-l’O no barco, mas logo o barco chegou à terra para onde se dirigiam.
As palavras de São Paulo fazem eco no meu coração Senhor, para viver este dia. Pois ao ler a tua palavra o que em primeiro lugar me vem à ideia é que estou como os teus discípulos num barco em direcção desconhecida. Olho para eles e gostaria de te perguntar: Quais são os meus temores, desânimos e inseguranças? Que novas tempestades se abatem sobre a minha vida, sobre a Igreja e nosso mundo? Se calhar pode parecer-te estranho que te pergunte a ti, Jesus e não pergunte a mim próprio sobre estas questões. Mas sabes, o meu olhar sobre mim e sobre o mundo já o conheço bem; por isso quero olhá-los a partir de ti, através do teu olhar.
Não deixa de ser desconcertante a vivência dos teus discípulos, pois acabavam de presenciar um milagre e o povo queria fazer-te o seu rei; Tu fugiste e os discípulos ficaram na escuridão, num barco com vento forte… Sem dúvida um temor que existe nas nossas vidas consiste em não te reconhecer naqueles momentos de dificuldade, de solidão, de dor e tristeza. Sentir que Tu não estás presente e assumirmos que Tu não te importas com o que estamos a viver nesses momentos.
Outra tempestade que reconheço, Senhor, é esquecer-me de tudo o que de bom já recebi. De não olhar à minha volta, de querer encontrar a minha felicidade e esquecer-me dos mais pobres, dos frágeis. Compactuar com a injustiça, com o medo de ser coerente.
A tua palavra desconcerta-me, mas ao mesmo tempo desafia-me a olhar mais além. E descobrir que ainda que tenha todos estes medos, Tu continuas a estar presente, Tu continuas a aproximar-te de mim. És Tu quem vence todos esses medos em mim, falando-me através da tua palavra. É assim que vences os nossos medos: Quando escutamos a tua voz, escutamos a tua palavra como lugar de uma oração que coloca a nossa vida em ti, nesta experiência de gratuidade e confiança.
É por isso que neste dia te peço a graça que deste a São Paulo e a todos os Teus discípulos: Deixar-me alcançar por ti, experimentar a força do teu Amor em mim.