«Orai assim:…»

Senhor, neste dia anuncias um Deus diferente, um Deus-Pai que sempre espera, que tem um reino para nós, que nos dá o que precisamos em cada dia, que nos protege do mal.


Hoje ensinas-nos como rezar a este Deus-Pai no Evangelho de São Mateus 6, 7-15:
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Quando orardes, não digais muitas palavras, como os pagãos, porque pensam que serão atendidos por falarem muito. Não sejais como eles, porque o vosso Pai bem sabe do que precisais, antes de vós Lho pedirdes. Orai assim: ‘Pai nosso, que estais nos Céus, santificado seja o vosso nome; venha a nós o vosso reino; seja feita a vossa vontade assim na terra como no Céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido; e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal’. Porque se perdoardes aos homens as suas faltas, também o vosso Pai celeste vos perdoará. Mas se não perdoardes aos homens, também o vosso Pai não vos perdoará as vossas faltas».


Jesus, deves ter dado muitas voltas à cabeça e ao coração até chegar aqui. Para nós é um facto da vida o Deus Pai, mesmo que seja mais na língua que no coração e acção. Mas para ti e os judeus nada disso era claro, nem sequer lógico ou coerente. De Deus esperava-se muita coisa mas um pai não. O que propuseste, chamar Pai a Deus não foi e não é hoje nada simples, embora não haja nada mais simples e fundamental que ser filho.
Como foi o teu processo interno até sentires que és Filho de Deus e, mais ainda, que todos somos Filhos de Deus? Tenho de fazer um esforço para não pintar tudo de cor de rosa: as relações dos judeus e de ti próprio, Jesus, com os seus pais seriam tão complexas com as nossas. E como transmitir aos discípulos? Foram parábolas, serões, caminhadas… Neste convívio, 24 horas sobre 24 horas, a tua oração e vida marcavam o ritmo e os discípulos quiseram saber, concretamente, como rezavas.
São Mateus não nos diz como foi a reacção dos discípulos. Ficaram admirados ou tudo fez sentido para eles? Aderiram e começaram a imitar? Passaram a rezar juntos desta nova maneira?
O mais simples e directo é o mais difícil de viver. Ser Filho de Deus é a nossa primeira e última profissão, quando conseguimos torna-se natural, mas os obstáculos que temos de ultrapassar, a nossa própria resistência a uma vida boa e plena, são muito grandes!…


Senhor, ajuda-me a viver no meu estado natural, que é ser filho querido, único, no meio dos meus irmãos, no mesmo Pai. Ajuda-nos a superar e a desarmar contigo as resistências internas, quer as que vemos e conhecemos, como as que estão tão entranhadas que parecem fazer parte da nossa personalidade: desconfiança em nós, visão pessimista do mundo, medo de nos entregarmos ao visível e ao invisível.

Os comentários estão encerrados.