«Se eu não vir o sinal dos pregos nas suas mãos, não acredito.»

Bom dia, Pai! Obrigado pelo novo dia que tenho pela frente! Pela rotina que vou viver, pela novidade que sou chamado a colocar nela. Ajuda-me hoje a viver com a intencionalidade de continuar a construir o mundo novo, vivendo na consciência de que sou teu filho e que me envias a dar o meu melhor para o mundo, a amar nas diferentes situações com a medida que elas me vão pedir. Obrigado por tanta gente estar a construir um mundo novo, em tantas realidades, políticas, sociais, económicas, familiares, nas escolas e universidades, nos trabalhos… que os resultados da sua entrega possam ser mais fortes do que os frutos daqueles que por incapacidade, limitação ou inconsciência viverão mais um dia na indiferença ou criando realidades negativas.


Hoje em Portugal celebramos as Cinco Chagas do Senhor. Oramos com um dos evangelhos sugeridos para este dia – João 20,24-29:
Naquele tempo, Tomé, um dos Doze, a quem chamavam o Gémeo, não estava com eles quando Jesus veio. Diziam-lhe os outros discípulos: «Vimos o Senhor!» Mas ele respondeu-lhes: «Se eu não vir o sinal dos pregos nas suas mãos e não meter o meu dedo nesse sinal dos pregos e a minha mão no seu peito, não acredito.» Oito dias depois, estavam os discípulos outra vez dentro de casa e Tomé com eles. Estando as portas fechadas, Jesus veio, pôs-se no meio deles e disse: «A paz seja convosco!» Depois, disse a Tomé: «Olha as minhas mãos: chega cá o teu dedo! Estende a tua mão e põe-na no meu peito. E não sejas incrédulo, mas fiel.» Tomé respondeu-lhe: «Meu Senhor e meu Deus!» Disse-lhe Jesus: «Porque me viste, acreditaste. Felizes os que crêem sem terem visto!»


Esta é uma perspectiva de ressurreição sobre as marcas do sofrimento de Jesus, não ficando apenas pelos sofrimentos. É um convite a olhar para elas com a certeza de que Jesus está vivo, nos acompanha e se coloca no meio de nós, onde estamos, para nos fortalecer e ajudar a fazer o nosso próprio caminho.
Normalmente vejo este passo do evangelho como um momento de fraqueza de Tomé. Hoje vejo que é mais do que isso. Para Tomé, se o Senhor ressuscitou é o mesmo que morreu na cruz, por isso tem de ter as feridas respectivas. O Senhor que ele procura é o autêntico Jesus, não um Jesus místico fora da realidade. Senhor Jesus, procuro-te para evitar o sofrimento? Ou deixo que me leves a atravessar os momentos inevitáveis de sofrimento, de dor, de raiva, com a fé de que, perseverando e colocando-os nas mãos de Deus, Ele os há-de fazer dar o seu resultado? Que aprenda de ti, Senhor, que para construir, para amar, para te seguir no concreto da vida, é preciso aceitar que por muito que eu não o queira, muitas vezes ela me vai ferir, outros me irão ferir, com maior ou menor gravidade. Aceito isso? Por exemplo, algo tão simples como aceitar com paz a inevitabilidade de noites de sono perdidas por causa dos meus filhos pequenos, porque fazem parte da fase da vida em que estão e não tenho que estar a querer não estar a passar por isso, nem a querer não estar cansado ou com pior memória. Que saboreie, com paz e ternura, estes momentos, e claro, não deixe de ajudar os pequeninos a crescer!


Obrigado Jesus porque com estas marcas tão visíveis da tua vida nos mostras que para a viver bem temos de meter as mãos na massa, sujar-nos e também magoar-nos. Que hoje não passe o dia na defensiva, ou encostado ao cansaço que possa sentir, mas me lance a dar o meu melhor, procure ser criativo na resolução dos problemas e situações com que me deparo, e ajude também os outros nas suas próprias dificuldades!

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