«Sufocados pelos cuidados, pela riqueza, pelos prazeres da vida…»

Meu Deus, obrigada por tanta vida que me dás!
Peço-te que esta minha vida seja levada nas tuas mãos, nos teus desejos para mim. Peço-te para permanecer sempre em ti.


A leitura de hoje, Lucas 8 do 9 ao 14, volta a colocar-me este desafio: vivo verdadeira e inteiramente alicerçada na confiança de Deus? Aconteça o que acontecer?:
Os discípulos perguntaram-lhe o significado desta parábola. 
Disse-lhes: «A vós foi dado conhecer os mistérios do Reino de Deus; mas aos outros fala-se-lhes em parábolas, a fim de que, vendo, não vejam e, ouvindo, não entendam. O significado da parábola é este: a semente é a Palavra de Deus. Os que estão à beira do caminho são aqueles que ouvem, mas em seguida vem o diabo e tira-lhes a palavra do coração, para não se salvarem, acreditando. 
Os que estão sobre a rocha são os que, ao ouvirem, recebem a palavra com alegria; mas, como não têm raiz, acreditam por algum tempo e afastam-se na hora da provação. 
A que caiu entre espinhos são aqueles que ouviram, mas, indo pelo seu caminho, são sufocados pelos cuidados, pela riqueza, pelos prazeres da vida e não chegam a dar fruto.»


E eu, meu Deus, como tenho vivido? Sou fiel ao caminho, ou deixo-me sufocar por tantas coisas dos meus dias? Acredito por algum tempo, mas depois esqueço-me ou canso-me e sigo sem ti? Tu sabes que eu sou tudo isto, mas que desejo ardentemente não viver distraída da tua presença em mim. E também Tu, olhas ternamente para mim e me dizes: e então, o que queres que faça por ti? Como queres viver a tua vida?
E tantas vezes continuo a viver nesta ambivalência, neste passo hesitante, em que apenas algumas vezes deixo que sejas Tu, meu Deus, a conduzir os meus passos. Quero e não quero; estou e não estou; dá-me jeito ou não; tenho tempo ou não; faz-me sentido ou não.
Li recentemente, num livro de Arnaldo Pangrazzi, como podemos viver enraizados no amor de Deus, mesmo quando as coisas podem ser pouco claras. Dizia assim:
“É precisamente da ambivalência que nasce a criatividade; criatividade que não significa encontrar respostas, mas ser paciente com o que ainda não está realizado nem resolvido; criatividade que se traduz em atitudes de abertura face ao mistério; criatividade como capacidade de adaptar-se à vida que muda, sem julgar que tem direitos ou certezas. A ambivalência significa e exige a flexibilidade. Aprender a conviver com a ambivalência não significa ser-se incoerente, mas conviver com o inexplicável, aceitar as zonas escuras de Deus e da vida, deixar-se habitar por um mistério maior do que nós.”
É esta maneira de viver que quero aprender contigo, este viver habitada por ti em qualquer circunstância e nos planos que não são os meus e não estava à espera e que me trocam as voltas.


Querido Pai, não quero viver a minha fé só de vez em quando; acreditar só por algum tempo e afastar-me na hora da provação; ser sufocada pelas preocupações e falta de tempo.
Mas para isso tenho que me deixar moldar e permanecer em ti no inexplicável, no que não tem respostas e não está resolvido. Permanecer em ti, também, na rotina, nos dias sem graça, no monótono. Viver sempre em ti.
Que assim seja!

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