“Ele bem sabia o que há no homem”… Pai, muitas vezes tive vergonha dos meus actos por saber que reconheces os meus pecados e o mal que sinto na alma quando os cometo… como é possível amares-me desta forma?
Hoje escuto mais um episódio da tua vida, narrado pelo teu amigo João (Jo 2, 16-25):
«Tirai tudo isto daqui; não façais da casa de meu Pai casa de comércio». Os discípulos recordaram-se do que estava escrito: «Devora-me o zelo pela tua casa». Então os judeus tomaram a palavra e perguntaram-Lhe: «Que sinal nos dás de que podes proceder deste modo?». Jesus respondeu-lhes: «Destruí este templo e em três dias o levantarei». Disseram os judeus: «Foram precisos quarenta e seis anos para se construir este templo e Tu vais levantá-lo em três dias?». Jesus, porém, falava do templo do seu corpo. Por isso, quando Ele ressuscitou dos mortos, os discípulos lembraram-se do que tinha dito e acreditaram na Escritura e na palavra de Jesus. Enquanto Jesus permaneceu em Jerusalém pela festa da Páscoa, muitos, ao verem os milagres que fazia, acreditaram no seu nome. Mas Jesus não se fiava deles, porque os conhecia a todos e não precisava de que Lhe dessem informações sobre ninguém: Ele bem sabia o que há no homem.
Aproxima-se a Páscoa. Entre a Quaresma e a vontade de estar com família e amigos é fácil perdermo-nos no menos essencial, por muito que as nossas intenções sejam boas… Sabemos bem que a Páscoa não é sobre comprar chocolates para os afilhados, se bem que esse miminho saiba bem às crianças, e sabemos que não se trata de preparar o melhor almoço para a família, se bem que ver toda a gente feliz e refastelada à volta da mesa no almoço de Páscoa seja agradável. De facto, por vezes até a falta de vontade de estar com a família mas termos de estar porque… “é Pascoa”… faz-nos sentir menos família de Jesus. A casa do Pai é para ser respeitada… mas a casa do Pai são no essencial os nossos corações! Não enchamos os nossos corações de preguiça, de gula, e de falta de caridade para com os nossos próximos… Pelo contrário, arrumemos os nossos corações e enfeitemo-los para receber a família nesta casa do Pai. Nesta casa onde o que lá acontece é bem visível aos olhos do Pai. Preparemos os nossos corações para a Páscoa de forma a sermos humildes, caridosos e cheios de amor para dar. Estás comigo, irmão? … Benvindo a casa, Pai!
Jesus, não te exaltes com a desarrumação do meu coração mas alegra-te com a minha intenção de querer arrumá-lo. Sabendo que queres sempre entrar nele, procurarei manter as portas abertas deste templo que é o nosso “cantinho”. Tentarei cuidar dele com a mesma vontade que sei que Tu tens em preservá-lo bonito. E obrigada por isso… por estares sempre com vontade de ajudar a manter o meu coração “bonito e arrumado”.