Ouço o barulho lá fora, o ir e vir da cidade, o movimento que parece um relógio grande que marca o ritmo do tempo e da vida. E penso em ti, Senhor, tu conheces e amas cada pessoa. Que mistério. Hoje, peço por este mundo, pela vida de cada pessoa. Faz com que nós também nos conheçamos e amemos mais uns aos outros.
Hoje, Senhor, metes conversa através do Evangelho de Lc 9, 18-24

“Um dia, Jesus orava sozinho, estando com Ele apenas os discípulos. Então perguntou-lhes: «Quem dizem as multidões que Eu sou?». Eles responderam: «Uns, dizem que és João Baptista; outros, que és Elias; e outros, que és um dos antigos profetas que ressuscitou». Disse-lhes Jesus: «E vós, quem dizeis que Eu sou?». Pedro tomou a palavra e respondeu: «És o Messias de Deus». Ele, porém, proibiu-lhes severamente de o dizerem fosse a quem fosse e acrescentou: «O Filho do homem tem de sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos príncipes dos sacerdotes e pelos escribas; tem de ser morto e ressuscitar ao terceiro dia». Depois, dirigindo-Se a todos, disse: «Se alguém quiser vir comigo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz todos os dias e siga-Me. Pois quem quiser salvar a sua vida, há-de perdê-la; mas quem perder a sua vida por minha causa, salvá-la-á».

Esta passagem da tua vida, Senhor, não deve ter sido nada fácil. Nem para ti, nem para os teus discípulos. Num momento Pedro reconhece que tu és aquele que Deus escolhe, ama e envia… este é o significado da palavra Messias. E ao virar da esquina, dois momentos depois, como um balde de água fria, afirmas que sendo quem és tens de sofrer, ser rejeitado, ser morto e finalmente ressuscitar ao terceiro dia… Imagino que depois das primeiras palavras que disseste o da ressurreição já nem sequer foi ouvido. E acho que é isso que passa. Os teus caminhos são tão estranhos e diferentes aos meus que a meio já desligueis…
Acho que acabo por te seguir a meias… Enquanto as coisas parecem simpáticas e boas tu és o meu Deus. Quando a “porca torce o rabo” deixo de te seguir porque acho que o que me propões não pode vir de Deus. Fico escandalizada e perplexa como os teu discípulos.
Ajuda-me a perceber as palavras que me dizes e percebê-las até ao fim sem desligar a meio. Ajuda-me a perceber que amar supõe perder para ganhar. Supõe renunciar à minha vontade caprichosa e reivindicativa para realmente procurar o que é bom para os outros. Ajuda-me a não fugir daquilo que me custa, que me pesa e que é a minha cruz para poder seguir-te no caminho que é a minha vida. Ajuda-me a não querer fazer do meu dia a dia um conto de fadas que não existe.

Jesus, obrigada porque tu ganhaste a vida porque arriscaste perdê-la… obrigada porque puseste o amor e o bem antes do teu conforto e facilitismo. Ajuda-me a ganhar a tua vida ainda que passe por perder aquilo que não quero perder.